A evolução de um modelo emblemático, agora vestido com Rodas Grandes.
Recentemente tive a oportunidade única de pedalar no Cooper Canyon, uma paisagem impressionante localizada na cidade de Creel, ao norte do México. A ideia de visitar um destino tão pouco comum, veio justamente de uma matéria marcante que li ainda no ano de 2008 sobre o lançamento da TREK Remedy, o então primeiro modelo All Mountain com suspensões de longo curso da marca americana.
Há seis anos, as trilhas super técnicas do Cooper Canyon, também conhecido como Barrancas del Cobre, serviram de cenário para a apresentação da Remedy à imprensa especializada. O lugar não foi escolhido por acaso, obstáculos naturais, muita pedra solta e grandes abismos dominam a paisagem. Lá o então novo modelo da TREK, originalmente equipado com rodas de 26 polegadas, deixou à mostra todas as suas qualidades, que mesmo há 6 anos atrás não eram poucas.
O guia durante a minha recente cicloviagem foi o mesmo que comandou a expedição da TREK em 2008, Arturo "Chito" Gutierrez, que foi presenteado pela fábrica com uma dessas primeiras unidades da Remedy, por sinal utilizada até hoje. Logo depois dessa minha aventura, em meados de 2013, recebi com grande entusiasmo a notícia do desenvolvimento de uma versão 29er da Remedy. Os modelos de produção, que utilizam o mesmo quadro conduzido pela britânica Tracy Moseley à vitória na última etapa do Enduro World Series de 2013, foram lançados comercialmente em conjunto com a ampla linha 2014 de mountain bikes da TREK. Um deles está disponível nas revendas da marca em todo o Brasil. A versão vendida em nosso país é a TREK Remedy 8 29 que desembarca agora nas páginas do
P29BR.
A bike com quadro construído em alumínio proprietário Alpha Platinum, conta com 140mm de curso na dianteira e na traseira. O competente sistema de suspensão ABP (Active Braking Pivot) é o mesmo da primeira Remedy, mais evoluido e perfeitamente ajustado para as rodas de maior diâmetro. Como já é tradicional nas full suspensions da marca, o amortecedor traseiro, aqui um exclusivo Fox Float Evolution Series DRCV, está montado entre dois pontos móveis articulados, um sistema flutuante chamado de Full Floater. O eixo traseiro passante de 142x12mm e a possibilidade de montagem de uma guia de corrente padrão ISCG 5, reforçam a vocação endureira da Remedy. Em termos de componentes, destaque para a bem equilibrada transmissão Shimano, além dos potentes freios SLX montados com rotores de 180mm. Mesa, guidão, selim, canote, rodas e pneus são todos da respeitada Bontrager. O grafismo em tons de azul e preto é estiloso, fazendo jus ao alto padrão das bikes projetadas pela gente de Waterloo.
Sempre que vou escrever a respeito das bikes da TREK, não deixo de mencionar as qualidades da exclusiva Geometria G2, originalmente uma obra do mestre Gary Fisher. Além de ajustes de angulação e dimensionamento dos tubos, os garfos que equipam as 29ers da marca contam com um offset* de 51mm, ao contrário dos 45mm tradicionais. Basicamente, ao invés de elevar o ângulo de direção visando ganhar mais agilidade, o que por consequência diminuiria a distância entre eixos, sacrificando a estabilidade nas descidas, a marca americana thilhou um caminho diferente, garantindo com o offset customizado um desempenho excelente nos trechos técnicos, sem que isso se traduzisse em uma bicicleta mais curta e menos estável.
(*) O chamado "offset" ou "rake" nos garfos é traduzido pela distância medida entre o prolongamento do eixo da caixa de direção e o eixo da roda dianteira, quando projetados perpendicularmente ao solo. Saiba mais aqui.
Por falar em geometria, localizado na junção da extremidade superior dos seat stays com o robusto pivô de peça única batizado de EVO Link, uma bucha excêntrica, o Mono Link, permite um ajuste fino dos ângulos da bike e da altura do movimento central. Durante quase todo o teste, o
P29BR optou por rodar com os ângulos um pouco mais relaxados e o central mais baixo, a configuração mais adequada para os propósitos endureiros deste modelo da TREK.
Em ação, nos trechos de subida a Remedy 8 29 não deixa transparecer suas 13.875 gramas de peso (sem os pedais), méritos uma vez mais para sua bem trabalhada geometria, além é claro da adequada transmissão de 30 velocidades. O travamento do amortecedor traseiro praticamente não foi utilizado. Mesmo com o curso traseiro de consideráveis 140mm, esta TREK conta com chainstays de apenas 445mm, número comum entre muitos modelos de 29er rígidas de XC!
Grande destaque da bike, o sistema de suspensão ABP com pivô concêntrico ao eixo traseiro é completamente ativo, ou seja, não endurece quando os freios são acionados. Seu funcionamento é favorecido ainda pelo amortecedor traseiro com tecnologia DRCV (Dual Rate Control Valve) que conta com uma câmara de ar adicional posicionada sobre a principal, uma exclusividade da marca. Basicamente, unidades com menor volume de ar são mais eficientes na parte inicial do curso, contudo perdem em desempenho quando submetidas a grandes impactos, já os amortecedores com maior volume de ar seriam mais competentes na porção final do curso, contudo difíceis de ajustar para ondulações de baixa velocidade, sendo assim, no sistema construído pela FOX para a TREK, a segunda câmara de ar é acionada de forma automática no momento em que a metade do curso é atingida, garantindo o máximo de desempenho independente da situação, é como se fossem dois amortecedores diferentes em um. A fábrica coloca ainda à disposição dos consumidores o "
Suspension setup calculator", uma útil ferramenta online para configuração das suspensões dos seus modelos.
Os freios Shimano SLX são potentes e tem boa modulação, provavelmente o melhor custo benefício do mercado, estão montados com rotores de 180mm, condizentes com os propósitos da bike da TREK que, mesmo com a concha do movimento central um pouco alta, brilha nos trechos técnicos, apoiada também por uma robusta suspensão dianteira FOX Float CTD com hastes de 34mm, aqui em sua versão de entrada, a Evolution, ainda eficiente, mas de menor sensibilidade numa comparação com modelos mais caros da marca.
Nas mãos de um piloto mais agressivo, a Remedy 8 29 careceria de um pneu um pouco mais largo na dianteira. Apesar dos bons Bontrager 29-3 não decepcionarem no uso geral, apresentam um perfil um pouco mais estreito que as suas 2.30 polegadas de largura nominal poderiam sugerir. A sempre recomendada conversão tubeless é quase que uma obrigatoriedade para melhorar o desempenho das rodas básicas desta TREK. Quanto a outros upgrades, um canote telescópico de altura ajustável seria fundamental para as pretenções da bike. No teste foi utilizado com sucesso um X-Fusion HiLo, aproveitando que o quadro já estava preparado para o cabeamento dos conduítes da alavanca de acionamento remoto no guidão.
O quadro tamanho 17 da Remedy pode ser considerado curto, entretanto quando combinado com a mesa original de 80mm, além de um guidão praticamente perfeito com 750mm de largura e uma elevação de apenas 5mm, excelente diga-se de passagem, resulta em uma trailbike que oferece um dos melhores balanços entre performance em subidas e descidas na categoria. A TREK Remedy 8 29, vendida por R$18.500, representa a evolução de um projeto bem sucedido e a confirmação que as 29ers de longo curso podem ser divertidas nas descidas, bem como eficientes nas subidas.
Numa prova de Enduro ou em suas explorações de final de semana, a Remedy 29 é puro prazer, tanto que foi uma daquelas poucas bikes que o
P29BR devolveu com dor no coração ao final do teste.
Keep 29eriding!
Oi Adil, fantástica esta bike. Pena que ainda não é pro meu bolso.... rsrs. Me responda uma coisa, estou na dúvida entre uma Trek Fuel Ex 5 ou uma Specialized Camber 29. Qual você indicaria? Consigo ambas pelo mesmo preço. Abraço!
ResponderExcluirOlá Ricardo,
ExcluirAmbas as bikes são excelentes e podem se encaixar numa mesma categoria de bike versátil posicionada entre o XC e os modelos All Mountain. Com as duas você estaria bem servido. Pessoalmente, prefiro a TREK.
Abs,
Adil
Olá Adil.Essa Trek remedy 29 parece ser bem superior á Spz Camber 29.O que vc diz?Ab Ricardo
ResponderExcluirOi Ricardo,
ExcluirA Remedy seria uma bike para ousar mais em comparação com a Camber.
Abs,
Adil
PessoAll, tenho uma Remedy 8 26" e atesto quase tudo relatado pelo Adil... não acho realmente que 30 marchas seriam necessárias e a coroa menor de 24 dentes me deu muito trabalho para acostumar no início, já que tinha vindo de uma 27v.
ResponderExcluirInfelizmente não tive ainda o prazer de andar nessa 29", espero que aconteça, mas se eu fosse trocar minha 26, com certeza pegaria a 27,5 e não a 29".
Já andei com 29" nos trechos técnicos com facões, pedras e slalons e não gostei! Tudo bem que eram outras bikes e não uma Remedy, mas não arriscaria!
A minha é 2011 e vem com a Fox Talas na frente. Achei uma judiação a Trek ter trocado a talas pela float. Nas subidas mais íngremes, é difícil controlar a frente agressiva com 150 mm... reduzir ela para 120 mm é fundamental.
Quem estiver pensando em comprar uma dessas, reserve o dinheiro para o canote telescópico. Ele não é luxo. É fundamental e garante muito mais diversão. Foi um dos melhores upgrades que fiz.
Fiquei feliz em ver que a trek adorou os freios shimanos ao invés dos avids. Esse foi meu primeiro upgrade!
Olá Mosca SS,
ExcluirObrigado pelo seu valioso depoimento.
Abs,
Adil
Olá Adil, há algum tempo estou curioso com estas arruelas que aparecem nos parafusos dos calipers dos freios. São parecidos com aquelas arruelas que vinham com as pastilhas de freios v-brakes, para alinhar as pastilhas com os aros. Eles acompanham os freios SLX ou são vendidos separadamente? Tenho sérios problemas com alinhamentos dos calipers, gostaria de algo que me ajudasse a alinhá-los.
ResponderExcluirOlá Julinho,
ExcluirEssas arruelas faziam parte originalmente do sistema Tri-Align dos freios Avid e de fato funcionam. Acredito que não façam parte dos freios SLX, mas são fáceis de encontrar no mercado.
Abs,
Adil
Sds Adil, poxa logo agora que eu estava disposto a migrar para as rodonas, li um assunto recente num site de fora, que não me recordo, onde falavam de um possível futuro condenado. Destacavam como mais certo as 27,5", ou ainda uma possivel alternativa onde as bikes teriam 29" na frente e 27,5 atras. Era uma matéria de pouco menos de 2 anos. Bom, não é o que vejo, apesar das ofertas de 27,5 aumentarem, as 29" ainda dominam e aparecem novos modelos, enquanto as 26 parecem que aos poucos irão mesmo desaparecer. Qual a sua opinião? será que se eu investir numa 29", em alguns anos corro risco dela ficar obsoleta e com dificuldade para encontrar peças?
ResponderExcluirOlá Silvano,
ExcluirMe desculpe mas considero esse tipo de afirmação um grande equívoco. Se você comprar uma 29er agora, continuará encontrando peças durante toda a vida útil da sua bike.
Para mim as rodas grandes são ainda as mais divertidas e as bikes que oferecem mais segurança para o piloto.
Abs,
Adil
Boa tarde Adil,
ResponderExcluiracompanho teu Blog a algum tempo e agora estou pegando uma 29er. Estava interessado em uma Caloi Vitus 29er com excelente custo benefício. Fui na loja, tudo certo, mas na hora de ver o tamanho do quadro, o 19 ficou grande pra mim, o 17 eles não tinham em estoque. Tenho que esperar uns 30 dias.
O dono da loja ofereceu montar todos os equipamentos da Vitus em um quadro Cannondale Trail Six, tamanho M no mesmo preço da Vitus, porém relação 3x10.
Será que é um bom negócio?
Obs.: A geometria é muito parecida, mas o grafismo da Cannondale(branca) dá de 20x0 na Caloi.
Obrigado!
Olá,
ExcluirA geometria da Vitus é eficiente, mas não chega a ser brilhante. Não vejo grande vantagem entre um quadro e outro, a exceção do grafismo como você mesmo mencionou com propriedade.
Talvez pelo preço da Vitus você encontraria uma GT com melhor geometria e bons equipamentos originais.
Abs,
Adil