P29BR 29ER TEST / Manitou Tower Pro 29 - Impressões finais

Tornando sua 29er ainda mais eficiente.

Com mais de 20 anos de mercado, a Manitou iniciou sua trajetória como uma das protagonistas na grande revolução tecnológica que sacudiu nosso esporte no começo da década de 90, a marca produziu a primeira suspensão realmente viável em termos de peso e desempenho para utilização em bicicletas de competição, na ocasião um modelo que funcionava com elastômeros. Todo esse pioneirismo aliado à inventividade de seu idealizador, o até hoje respeitadíssimo Doug Bradbury, resultou sempre em belos garfos, além de vários outros produtos à frente do seu tempo. Para quem não sabe, ou não vivia o Mountain Biking há duas décadas, a Manitou chegou até a desenvolver lindos quadros, alguns inclusive com suspensão integral.

A empresa atingiu seu auge com o lançamento do SPV, "Stable Platform Valve", ou Sistema de Plataforma Estável, tecnologia que mais uma vez chacoalhou a indústria de suspensões para bicicletas no começo do Século XXI. A partir daí o cenário se modificou, a Manitou que perdeu mercado para os concorrentes, enfrentou problemas administrativos e viu se esvair muito da representatividade que havia conquistado no decorrer dos anos de sucesso. Felizmente as coisas começaram a mudar para muito melhor quando a fábrica foi adquirida pelo sólido Hayes Bycicle Group, controlador de outras grandes e tradicionais marcas, como Hayes, Sun Ringlé, Wheelsmith e Answer.

Depois de um período de reformulação administrativa e uma renovação completa em sua linha, a Manitou dá claros sinais que volta para reconquistar uma posição de destaque no concorrido mercado internacional de suspensões. Em termos de Brasil, a marca é oficialmente representada pela empresa paulistana Fepase, que além de contar com uma boa rede de revendedores, se preocupou primordialmente em estruturar um serviço de assistência técnica de fato eficiente, chefiado pelo experiente mecânico Henrique Yamagushi e apoiado por um amplo estoque de peças de reposição.

Com as credenciais da Manitou na mesa, o P29BR se volta agora ao objeto do teste propriamente dito, a Tower, substituta direta da descontinuada Drake e da clássica Minute, que passou a ser fabricada apenas para o aro 26. Estão disponíveis ao consumidor brasileiro duas versões da Manitou Tower, a Expert, mais acessível, e esta, a Tower Pro. A principal diferença técnica entre as duas está no sistema de amortecimento, ACT Air na Expert e MARS na Pro, esta última conta ainda com uma coroa mais leve, suas hastes de 32mm de diâmetro são produzidas em alumínio 7050 com paredes espessura variável, o tubo de direção está igualmente construído em alumínio, características que juntas conferem um peso menor à Tower Pro. O exemplar de testes do P29BR com 80mm de curso, registrou interessantes 1.690 gramas. O detalhe é que para atingir esse número na balança, os tubos e as partes internas de cada exemplar são especificamente dimensionados, de forma que não é possível alterar o curso original de fábrica, contudo a Manitou Tower pode ser encontrada também numa versão com 100mm de curso.

A aparência dos garfos Manitou continua sendo singular. O arco reverso, além de fugir do lugar comum em termos estéticos, confere rigidez adicional ao conjunto. Falando nisso, os ciclistas mais pesados ou ainda aqueles interessados em uma direção mais precisa, já podem adquirir no Brasil a Tower com opção de um sempre recomendável eixo passante de 15mm e tubo de direção tapered. O suporte para freio à disco é do tipo post-mount. No quesito grafismo a suspensão da Manitou não decepciona, tem aparência moderna e compõe bastante bem qualquer que seja seu quadro. As bordas dos adesivos sofreram um pouco com o uso, mas a aparência geral da suspensão se mantém muito boa mesmo depois de algumas centenas de quilômetros.

No momento de rodar com a Manitou Tower Pro, o que quase que imediatamente chama atenção do piloto é suavidade proporcionada pelo MARS, ou melhor, Manitou Air Response System, um sistema de amortecimento com características únicas, combinando mola pneumática (cartucho de ar) e mola helicoidal. Esse arranjo pouco comum se mostrou tão competente na trilha, que me permitirei usar um termo comum nos EUA para definir seu funcionamento: "like butter", ou seja, a Tower Pro trabalha como se estivesse com as hastes "amanteigadas". A mola helicoidal controla o funcionamento da suspensão na porção inicial do curso e garante um desempenho superior nessas condições, enquanto que a mola pneumática regulável confere progressividade a partir da porção intermediária de curso de tal modo que, pessoalmente, não atingi o final de curso em nenhuma situação.

Tendo por base meus 78Kg de peso, encontrei a calibragem ideal para a Manitou Tower Pro na casa de 90 psi para o XC, com o controle de retorno setado numa posição intermediária, tendendo levemente para o lado mais lento. Localizada na parte superior da haste direita, a alavanca vermelha de regulagem de compressão Absolute+ permite que o piloto escolha, mesmo em movimento, se deseja manter o sistema aberto ou diminuir progressivamente sua sensibilidade até o travamento total, bastando para isso girar essa alavanca por completo no sentido horário. Não enxerguei muita utilidade para o Absolute+ em suas posições intermediárias, por isso considero a Tower Pro muito mais uma suspensão com compressão do tipo "on-off", sendo assim, depois de um mês de testes, foi muito bem vinda a instalação de uma funcional trava de guidão Milo, que além de compacta e ergonômica, oferece mais conveniência para o piloto. A trava é comercializada por 210 Reais, já instalada, bastando para isso enviar seu garfo diretamente à Central Técnica de Serviços da Fepase.

Por falar em travamento, o bloqueio total na Manitou Tower é muito mais efetivo que o de alguns dos seus principais concorrentes, tornando o garfo rígido, ainda que não totalmente livre de movimentação, característica muito apreciada por aqueles que competem e querem aproveitar ao máximo a energia gerada em cada pedalada. Instalei a Tower Pro em uma Singlespeed, o tipo de bike no qual pedalar em pé é mais do que uma constante, o interessante é que mesmo nessas condições, na maioria do tempo eu utilizava a suspensão destravada. É importante destacar que a Manitou Tower Pro assimila com propriedade as ondulações do terreno, principalmente aquelas consideradas de "baixa velocidade", potencializando a tração, mesmo a bordo de uma bike com transmissão de velocidade única.

Controle de retorno localizado na parte inferior da bengala direita poderia ser de operação mais intuitiva, contudo faltam marcações que facilitem a regulagem, além da ausência de uma delimitação clara para cada um dos limites. Uma dificuldade fácil de remediar com canetas marcadoras permanentes.

Ainda que grande apreciador do sistema de plataforma estável desenvolvido anteriormente pela Manitou, o SPV, uma funcionalidade do tipo "regule e esqueça", confesso que nem cheguei a me importar em utilizar a trava remota na Tower, consequência direta do bom desempenho do conjunto. Apesar de contar com uma arranjo de amortecimento incomum, o peso da suspensão é ainda bastante interessante. A Manitou Tower está disponível no Brasil em três versões com preços variando entre 1.479 e 2.414 Reais e se mostrou de fato um upgrade de significativa relevância para sua 29er.

Keep 29eriding!