P29BR TEST - 29er, em busca da Relação Perfeita - Dois meses de uso

Há dois meses venho pedalando minha 29er usando uma relação 2x9, com apenas duas coroas e mais um cassete comum de nove velocidades. Como já expliquei nos posts anteriores, as coroas foram escolhidas buscando-se melhorar o desempenho em subidas, aliado a um melhor aproveitamento das marchas como um todo. A "granny gear", "vovozinha" ou coroa pequena, como prefiram chamar, tem 20 dentes, já a maior 36, além de um bashguard Shimano SLX para protegê-las.


Como engenheiro mecânico, pensando de maneira puramente física, numa pedalada completa com uma bike aro 26 usando a relação 22(dianteira)x34(traseira) o pneu rodaria em torno de 1,35m. Numa 29er comum, essa revolução na mesma relação renderia mais de 1,5m, entretanto o esforço para se executar essa pedalada poderia ser brutal em ladeiras mais inclinadas e longas.

Sendo assim, a idéia seria a de equalizar os esforços de pedal entre uma aro 29 e o modelo 26. Executando-se o mesmo cálculo (para quem se interessar, eu posso demonstrar num próximo post), tendo como ponto de partida uma combinação 20x34 para uma bike "vestida" com aros de 29 polegadas, o resultado é praticamente o mesmo que na 26, ou seja, 1,35m por pedalada, com diferenças apenas a partir da terceira casa após a vírgula. Então fisicamente, a relação estaria corrigida com uma coroa 20T.

Na prática, só posso dizer uma coisa: as coroas de 20 dentes nasceram para as 29ers. Deveriam mesmo ser equipamento de série. O aumento no desempenho e o conforto em subidas se mostraram mais que evidentes. Assim, posso garantir que minha aro 29 não perde absolutamente nada para uma aro 26 nas subidas. Sem parcialismo, tenho certeza que é melhor!


Do outro lado, a coroa de 36 dentes se mostrou também bastante eficiente, suprindo bem as lacunas entre as tradicionais coroas de 32 e 44 dentes normalmente montadas nos pedivelas de linha, entretanto neste ponto, dependendo do biker, podem existir controvérsias. Por que? A diferença de dentes recomendada entre as coroas visando o perfeito funcionamento do câmbio dianteiro deve ser controlada. No meu caso, a dita diferença seria de 16T (36T-20T), o que está praticamente no limite do câmbio dianteiro. Se você tem a intenção de pedalar mais forte, uma opção seria montar uma coroa de 38 dentes, mas aí é fato que o desempenho nas trocas de marcha será afetado.

Por falar nas mudanças de marcha, num primeiro momento pude notar um atraso (coisa de "milissegundos") nas trocas entre a coroa menor e a maior em relação ao padrão. Na metade dos testes decidi então trocar os shifters acompanhados pelo câmbio traseiro, abandonei a SRAM e voltei a um grupo Shimano integral. A decisão se mostrou superacertada, com um shifter mais potente, posso afirmar que as trocas dianteiras retornaram à perfeição, sem atrasos ou vacilos. Pode-se facilmente usar a gama total de marchas disponíveis.


Um ponto muito importante a se considerar é a experiência no uso da nova configuração. Não é uma relação para se rodar poucas horas e imaginar que ela será maravilhosa. Existe aqui uma real curva de aprendizado, assim somente depois de muitos quilômetros é que o piloto consegue "sentir" cada marcha e cambiar de maneira mais eficiente que numa tradicional bike com o 3x9. Para se ter uma idéia, um de meus amigos experimentou minha bike por alguns minutos e não aprovou, sentiu que faltou força nas descidas mais rápidas, entretanto é clara questão de gosto e de se aproveitar melhor (fruto da experiência) a inércia produzida pelas rodas grandes.

Quem deveria usar a nova relação? Aqueles que pretendem tirar o máximo de uma 29er em situações de XC e estão dispostos a reaprender a cambiar. A recompensa é um upgrade em sua condição de mountain biker como um todo e o prazer de se pedalar uma bicicleta que sobe e desce com maestria. Puro prazer, experimente!

Keep 29eriding

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