P29BR 29ER LONG TERM TEST / Rodas VZAN Everest 29

1.500Km depois: constatações, conversão e uma descoberta surpreendente.

Recentemente o P29BR completou 1.500 quilômetros de testes com as rodas VZAN Everest 29. Ao contrário daquele já famoso tuning realizado com o modelo mais robusto da marca, a Extreme Disc 29 (http://www.29er.com.br/2011/07/p29br-29er-tuning-rodas-vzan-extreme.html), a ideia agora era explorar o equipamento original, rodar sem qualquer modificação na Everest que sai da linha de produção da fábrica da VZAN em Londrina no Paraná.

No decorrer dos oito últimos meses a Everest 29 foi submetida a condições extremas e o saldo dessas provas foi bastante positivo, as rodas montadas a partir de cubos de 28 furos com rolamentos selados importados do Japão e interessantes raios inox com perfil aero, resistiram bravamente aos testes. A VZAN Everest 29 do P29BR passou incólume por todas as situações de uso pesado. As rodas não apresentaram qualquer problema mecânico, continuam perfeitamente alinhadas e sem folgas nos cubos. Em mais de 240 dias de pedal, não houve a necessidade de visitar o Edu do Spa da Bike, nosso especialista em rodas, sequer uma única vez. Em termos de aparência, as rodas pretas praticamente não sofreram com desgaste. Em suma, por cerca de 980 Reais você pode adquirir uma par de rodas muito confiáveis pesando o mesmo que modelos importados custando pelo menos o dobro que o produto da VZAN. O exemplar de testes do P29BR pesou exatos 1.800 gramas sem as blocagens e fitas de aro.

Em "comemoração" aos 1.500Km pedalados, minhas rodas ganharam agora uma esperada conversão tubeless, além de um makeover já com os novos adesivos da linha 2013.

Para a conversão tubeless, pedi ajuda ao correspondente do P29BR nos EUA, Laurent Tarnaud. A ideia era, ao invés de utilizar as tradicionais fitas de borracha NoTubes, encontrar um sistema alternativo que eventualmente pudesse apresentar vantagens em relação ao já testado e aprovadíssimo sistema da Stan's. Essa procura nos levou até o Velotape da marca australiana Velocity, um kit para conversão de duas rodas, composto por um rolo de fita azul que suporta altas pressões e um par de válvulas, vendido por um preço médio de 35 dólares. De início chama atenção a leveza do conjunto, que na realidade foi concebido primordialmente para os largos aros P35 da própria velocity, mas que segundo a bike shop americana, funcionaria também com outros aros e marcas. Aceitei o desafio de comprovar essa afirmação com a Everest 29.

O primeiro passo foi remover a fita de aro original e limpar vigorosamente a cavidade dos aros da VZAN com o auxílio de álcool isopropílico, deixando a superfície livre de quaisquer resíduos.

Depois passei a fita propriamente dita de acordo com as instruções do fabricante, começando a partir da emenda do aro, no lado oposto ao orifício da válvula. Deve-se tomar cuidado para evitar bolhas durante a montagem da fita de 25mm de largura, que cobriu completamente a cavidade do aro VZAN, um ótimo sinal de que o sistema iria funcionar.

Apesar do que dizia a Velocity, um rolo de fita não parecia suficiente para duas rodas, então usei apenas uma camada da fita azul em cada aro, um erro que me custou os dois últimos cartuchos de CO2 em pleno domingo. A partir de agora teria apenas a bomba de pé para terminar a montagem, situação que muitas vezes torna inviável a conversão.

Percebi na prática que o correto seriam duas camadas em cada aro e mesmo com uma camada adicional ainda sobrou fita no rolo!

Voltando ao processo de conversão, após a colocação da fita, montei os pneus com o selante NoTubes. Utilizei três tubos pequenos de 59ml, 1 e 1/2 em cada pneu.

Era chegada a hora crítica do processo, o momento de inflar os pneus. Desde 2005 utilizo pneus normais convertidos para tubeless, sendo assim, depois de algumas centenas de conversões, sei bem quando as coisas prometem dar certo e quando o processo apresenta indícios de falha. Neste caso dos aros VZAN Everest 29 com os Schwalbe Rocket Ron e o sistema da Velocity, os pneus não se encontravam exatamente justos depois da montagem no aro, por isso, sem um compressor potente ou os cartuchos de CO2, tudo levava a crer que a conversão seria um fiasco, mesmo assim, não desistiria tão facilmente.

Passo seguinte: a espuma. Em geral, recebo uma grande quantidade de perguntas sobre o processo de conversão tubeless, em muitas delas os blog-leitores querem saber mais sobre a real necessidade de se utilizar a espuma no processo. Na verdade, a espuma é de fato importante, pois facilita que as laterais dos pneus assentem corretamente nos aros. Naquelas situações em que um pneu monta bem justo no aro, eventualmente é possível realizar a conversão sem lançar mão da espuma, de qualquer forma, mesmo assim prefiro não dispensá-la nunca. O único cuidado é utilizar a espuma sem água, de modo a não contaminar o selante.

A incrível descoberta

Retornando às rodas VZAN Everest 29 do P29BR, mesmo com uma farta quantidade de espuma, os pneus não inflavam de maneira nenhuma com a bomba de pé. Foi então que coloquei a cabeça para funcionar. Lembrei que há alguns anos a Tioga vendia o Bead Wax, um tipo de cera para montagem de pneus tubeless, que além de substituir a espuma, prometia funcionar como uma barreira adicional para evitar que o ar escapasse pelas laterias dos pneus no momento da conversão. Wax...cera...pomada...pasta! E se eu experimentasse passar pasta de dentes nas laterais dos meus pneus? Resolvi arriscar. Imaginei que seria mais difícil o creme dental contaminar o selante do que a própria espuma, além disso, como é pastoso poderia criar eficiente uma barreria para o ar. Lá se foi de um tubo grande de Oral-B.

Comecei a bombar e em menos de 5 segundos o pneu já estava inflando e assentando no aro. Sim, a pasta de dentes funcionou super bem. Cheguei a 40 psi, realizei todo aquele processo de chacoalhar a roda para eliminar qualquer micro-furo, tarefa que o selante rapidamente se encarregou de cumprir. Por fim, depois de 15 minutos lavei a roda para eliminar o creme dental sem dificuldades. Conversão bem sucedida.

Pasta de dentes nos pneus: não digo que vou usar sempre, mas digo que vou usar sempre que precisar!

Economizando peso

Uma câmara para pneus de 29" pesa em torno de 250 gramas, que devem ser somados a outros 15 gramas referentes a uma fita de aro comum. Pensando em um conjunto convertido para tubeless por meio do Kit NoTubes, seriam 90 gramas de selante, mais 70 gramas da fita de borracha com válvula, com isso, teríamos 105 gramas a menos em cada roda e uma economia de 210 gramas no total. Já com o sistema da Velocity, usaríamos os mesmos 90 gramas de selante, associados a uma válvula de 5 gramas e apenas 10 gramas da fita azul, uma considerável economia total de 320 gramas em relação ao sistema com câmaras ou 110 gramas a menos considerando o NoTubes com fita de borracha. Um ótimo negócio. Aquele tipo de modificação com custo-benefício insuperável, para mim o upgrade número 1 para qualquer 29er.

Para completar, a fita azul da Velocity tem uma textura melhor e cola com mais facilidade se comparada com a fita amarela da NoTubes, aquela recomendada para os aros ZTR da Stan's.

Rodas excelentes, conversão recomendada. 

 

Os tranquilos 1.500Km com a VZAN Everest 29 comprovaram mais uma vez a alta qualidade desse produto nacional. Com o novo grafismo as rodas estão ainda mais bonitas e, principal, contam com um peso bastante competitivo em relação a seu preço e desempenho. Com ou sem pasta de dentes, o P29BR recomenda fortemente a Everest 29.

Keep 29eriding!